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A seguir uma série explicativa revela até que ponto chegavam os requintes de crueldade utilizados pelos agentes da repressão do regime militar.

Ilustrações: Renan Galhardo







Cadeira do dragão
Os presos ali sentavam sempre nus e muitas das vezes molhados nessa espécie de cadeira elétrica. Essa cadeira era toda revestida de zinco e ligada a terminais elétricos. Quando era ligada a eletricidade, o choque era transmitido pelo corpo todo, sem falar que o preso estava com os braços amarrados nas alças da cadeira e algumas vezes com um balde de metal na cabeça.

















Pau-de-arara
Essa é a mais conhecida e a mais antiga tortura existente no Brasil. O preso ficava nu e era atravessado por uma barra de ferro entre os punhos e os joelhos, a aproximadamente 20 centímetros do chão. Esta posição causava artroses e dores nas juntas por falta de circulação sanguínea. Os militares ainda espancavam o preso e urinavam sobre eles. Eram feitas ainda diversas queimaduras com cigarros.







Choques elétricos
Os nomes mais conhecidos por essa tortura eram “pimentinha” ou “Maricota”. Ligada a alguma parte do corpo (principalmente nos órgãos genitais) essas máquinas geravam choques elétricos e aumentavam quando a manivela era girada com força pelo torturador. Essas descargas eram tão forte que causavam convulsões e fazia com que os torturados mordessem a própria língua.






Sofri vários tipos de tortura. Só na Operação Bandeirantes foram 12 dias de tortura. Pau de arara, socos ingleses nas costas e em todos os lados, tudo o que você possa imaginar. Costumo dizer que o pior é o que ele fazem em cima do pau de arara. Você ficava duas, três horas lá e morria porque o sangue não circulava. Fora o que eles faziam nesse período. Pancadarias na sola dos pés, nos órgãos genitais, água salgada e choques, aquelas maquininhas de choque vai de 40 a 220 volts. Daí você ficava com o corpo voando, nu...
Raphael Martinelli, 87, perseguido e torturado na ditadura








Soro da verdade
Esse soro é composto por pentotal sódico, uma droga que causa na vítima uma espécie de sonolência e reduz as barreiras inibitórias. Sob o efeito da droga, a vítima poderia falar alguma informação a qual não queria ter dito, porém não era muito confiável.









Afogamentos
Existiam dois tipos que os torturadores utilizavam: eles normalmente introduziam a cabeça da vítima dentro de um balde ou um tanque d’água, fazendo com que o indivíduo contasse as informações. Caso contrário, fechava-se a narina do torturado e era colocada uma mangueira de borracha dentro da boca. O acusado então era obrigado a engolir a água introduzida.










Tortura psicológica
Os filhos de alguns presos eram trazidos e colocados em frente aos pais, para que vissem a tortura deles (pais). Quando não, os torturados simulavam que iriam cortar alguma parte do corpo, principalmente os dedos da mão. Esses efeitos causavam grande tortura psicológica.